30 de dez. de 2009

Não sei, quando tudo fica assim entre a gente eu sinceramente não sei, a distância é tão doce, doce que pode até matar. Perdão. As cores já desbotaram faz é tempo, alegrias e tristezas se misturam, a certeza do hoje não existe, não temos mais lembranças de nossas horas acumuladas de gargalhadas, aquelas que ecoavam pelo ar formando não apenas corações, formando novos gestos e carinhos que nem eu e nem você entendíamos. Eu me arrependo tanto do que eu fiz e deixei de fazer. Perdão 2. Nem que eu viva mil anos, nem assim isso vai passar, mesmo com cores desbotadas, deformando todos aqueles nossos corações e carinhos lá no céu, mesmo com tudo isso, eu vou te amar pro resto da vida, eu sei, é errado afirmar isso, mas quero que fique registrado pra poderem me cobrar se um dia o preto e branco levar minha memória.
Amarrados na caverna sem perceber que as sombras na pedra não passam de sombras ainda veremos todo o céu derretendo pingando o ódio que subiu e que se acumula cada dia mais nas nuvens negras sobre os chapéus, apenas o amor nos salvará Urubus espalharão que estou afundado na insensatez, Insensato é quem não fica bem quando vê que o outro encontrou a paz. - Seja sempre sincero Com aquilo que sente Eu ainda te espero... Bem aqui. ♥

29 de dez. de 2009

Foi buscando acertar que às vezes eu errei Mas quem pode acusar sem tentar compreender Quando saio sem regar violetas que plantei A sede que causei me afogará Sem pressa sei que posso alcançar Digam o que quiserem só uma coisa importa Verdadeiro é meu amor o sentimento foi real Quando eu te entreguei tudo aquilo que há em mim Pode até não parecer Se o mal que há em mim faz doer o seu coração Minha triste imperfeição Será que conseguirei a bondade que sonhei? Estou sempre a tentar remover as pedras Se desvio o olhar da mão em minha direção Fecho os olhos para mim e para você Não canso, não desisto de lutar Ainda se tropeço só uma coisa importa Verdadeiro é meu amor.

28 de dez. de 2009

Às vezes parecia que de tanto acreditar em tudo que achávamos tão certo, teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais, faríamos floresta do deserto, e diamantes de pedaços de vidro. Mas percebo agora que o teu sorriso vem diferente, quase parecendo te ferir. Não queria te ver assim. Quero a tua força como era antes, o que tens é só teu e de nada vale fugir. E não sentir mais nada. Às vezes parecia que era só improvisar e o mundo então seria um livro aberto. Até chegar o dia em que tentamos ter demais, vendendo fácil o que não tinha preço. Eu sei é tudo sem sentido, quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim. Nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei com a estrada errada que eu segui, e com a minha própria lei. Tenho o que ficou e tenho sorte até demais. Como sei que tens também.

24 de dez. de 2009

Não me faça nenhum favor Não espere nada de mim Não me fale seja o que for Sinto muito que seja assim Como se fizesse diferença O que você acha ruim Como se eu tivesse prometido Alguma coisa pra você Eu nunca disse que faria o que é direito Não se conserta o que já nasce com defeito Não tem jeito Não há nada a se fazer Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva Mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor Nada sairia do lugar que já estava Não seria nada diferente do que sou Não quero que me veja Não quero que me chame Não quero que me diga Não quero que reclame Eu espero que você entenda bem Eu não gosto de ninguém.

23 de dez. de 2009

Já parou pra pensar em como o mar é grande? Já parou pra pensar nas riquezas que ele traz? Já parou pra pensar que um choro é a extremidade dos sentimentos? Já parou pra pensar em como o céu muda de cor? Já parou pra pensar que daqui a algum tempo nos tornaremos velhos? Já parou pra pensar na fome de toda humanidade? Você alguma vez já parou pra pensar? Já parou pra pensar que eu posso tá falando um monte de besteira enquanto você se entope de mentiras que quer escutar? Já parou pra pensar que nem sempre a coisa que eu acho certa você também vai achar? Meu bem, você já parou pra pensar? alguma vez. (uma das músicas que eu fiz uns mil anos atrás HIOSHDFIOHSD) :*

20 de dez. de 2009

E vem cá para o meu lado Pra gente viver sem dor.

18 de dez. de 2009

It's a little too late for you to come back Say it's just a mistake Think I'd forgive you like that If you thought I would wait for you You thought wrong... But you're just a boy You don't understand How it feels to love a girl someday You wish you were a, better man You don't listen to her You don't care how it hurts Until you lose the one you wanted Cause you're taking her for granted And everything you had got destroyed But you're just a boy.
Alô aqui é do Céu. Quem tá na linha é Deus. Tô vendo tudo esquisito o que que deu em vocês? Por favor não deixem a peteca cair. O diabo disse que vai baixar de uma vez por aí. Pois é, eu fiz vocês como eu, imagem e perfeição e vocês anarquisando a minha reputação. Eu não compreendo tanta reclamação se dei igual pra todo mundo, tem gente aí metendo a mão. Segunda. Tão acabando com a Terra que era somente sua. agora já tão querendo se mudar pra lua. O que vocês querem exigir mais de mim. Se tudo que eu fiz vocês acham ruim? Agora eu vou desligar o telefone tá caro. Já falei demais. Brigado pela atenção. Mas por favor se ligarem dizendo ser eu Pode ser um trote do diabo que já desceu. Que já desceu.

16 de dez. de 2009

tou com idéias na cabeça, mas ainda não as organizei, então, tempo sim? Passem bem.

15 de dez. de 2009

Infantil meu pedido, que me esperassem crescer pra ver tanta mentira,é tudo verdade; a gente não agüenta mais tanta mentira! Quero conversa sincera, olhar bem pra tua cara e até te agradecer por isso. É tudo verdade a gente não aguenta mais, tanta mentira! Falta de opção, falta de amor você não tem noção... É ambição demais , reação de menos, poluindo não punindo, o óleo fica pra depois. Raimundos, pavilhões, submundos, multidões . Só não posso deixar pra depois, filmes mudos, lados b,lados bons, eu e você . Eu só não vou me deixar para depois (...) Eu só não vou te deixar pra depois, eu e você e eu, nunca mais pra depois.
As palavras e as promessas Tão passado e tão presente Tão eterno enquanto dure E o coração em cubos.

13 de dez. de 2009

Quem mais eu posso ser, que mais posso fazer Quem mais seria, senão eu Se não adiantou, me diga, por favor Me ama ou me deixa ir Não me perca amor, se resolve Ou me deixa amor, ou se entrega a mim E mesmo sem sorrir, ainda estou aqui Ainda é tempo, não lavei minhas mãos Se acaso decidir, não vir pela metade Não durma no ponto, pra não chegar tarde.
Esses dias andei pensando, solucionando, formulando tudo que você disse e não fez, é, é complicado admitir que nos damos ao desfrute do nada, somos esquisitos, nos amamos e não demonstramos; somos estranhos, nos queremos e não nos escontramos. Será? Às vezes me bate uma tristeza, rodam mil histórias na minha cabeça, ciúme, decepção, desejo, como atribuir tanto sentimento a um só ser? Você anda tomando muito espaço, espaço esse que não me pertence, cuidado pra não passar pra o gramado do vizinho, eu sei que a grama é verde, mas nem sempre foi assim. Estou esperando e cada minuto parece um ano, cada segundo minha alma grita, implora, volte, isso tá me matando, mas eu quero que você volte por querer e não por pedido meu, parece um orgulho meio bobo, temos que conversar tanto ainda sobre isso, só que hoje o que eu quero não é você, só hoje viu? Hoje eu quero o meu silêncio, a minha solidão e eu não abro mão, amanhã, bem, amanhã a gente vê.
Eu devia estar contente Porque eu tenho um emprego Sou um dito cidadão respeitável E ganho quatro mil cruzeiros Por mês... Eu devia agradecer ao Senhor Por ter tido sucesso Na vida como artista Eu devia estar feliz Porque consegui comprar Um Corcel 73... Eu devia estar alegre E satisfeito Por morar em Ipanema Depois de ter passado Fome por dois anos Aqui na Cidade Maravilhosa... Ah! Eu devia estar sorrindo E orgulhoso Por ter finalmente vencido na vida Mas eu acho isso uma grande piada E um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente Por ter conseguido Tudo o que eu quis Mas confesso abestalhado Que eu estou decepcionado... Porque foi tão fácil conseguir E agora eu me pergunto "e daí?" Eu tenho uma porção De coisas grandes prá conquistar E eu não posso ficar aí parado... Eu devia estar feliz pelo Senhor Ter me concedido o domingo Prá ir com a família No Jardim Zoológico Dar pipoca aos macacos... Ah! Mas que sujeito chato sou eu Que não acha nada engraçado Macaco, praia, carro Jornal, tobogã Eu acho tudo isso um saco... É você olhar no espelho Se sentir Um grandessíssimo idiota Saber que é humano Ridículo, limitado Que só usa dez por cento De sua cabeça animal... E você ainda acredita Que é um doutor Padre ou policial Que está contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social... Eu que não me sento No trono de um apartamento Com a boca escancarada Cheia de dentes Esperando a morte chegar... Raulzito ♥

8 de dez. de 2009

Dói de verdade e não é bonito. O dia nasceu coerentemente cinza e chuvoso na minha noite mal-dormida e mal-entendida. Porque sou mesmo medrosa e talvez pela primeira vez em minha existência eu tenha me enxergado com relação ao mundo. Sei que depois de todo um marasmo e calmaria, veio meu tropeço, meu tombo, meu rosto desfigurado, inchado de sono, bebida e choro. Era mais bonito quando doía de leve, mas eu não ficaria sem sentir a vida por muito tempo, e eis que ontem ela me cuspiu na cara e riu da minha falta de jeito, me encolhendo no cantinho da janela. Talvez o sol apareça, talvez as pessoas voltem a me sorrir coloridas, talvez eu volte a pertencer a forma que desejam e talvez, assim sendo, eu volte a me esquecer de mim, embora eu jamais esqueça essa dor que eu ainda nem sei entender.

7 de dez. de 2009

Como tem gente delicada no mundo... Cris disse enquanto a menina se distanciava, com duas balas escondidas nas miúdas mãos fechadas em concha. Fazia um calor forte demais para uma primavera recém-nascida naqueles entremeios de setembro. Mas um vento vinha de leve mexer no vestido da menina, nos cabelos de Cris, nos meus olhos que se enrugavam. Eu gosto desse tempo. Gosto mesmo. Lembro de sempre desenhar umas florzinhas quando era criança. E minha mãe dizia que sempre quando me perguntavam do que eu mais gostava na vida, aí eu respondia que era da primavera... Ela tinha um jeito lento e preciso de sorrir, sem esbanjar a alegria que de fato lhe comovia. E se num pedaço de história acontecesse de se lembrar de coisas outras menos felizes, não disfarçava o movimento do rosto se transformando num lento cair de músculos. Mas geralmente tinha os lábios fechados num começo de sorriso ainda não dado. Cris era uma promessa. O por-vir. O de-depois que é recompensa e melhora do que se tem nos agoras das horas infinitamente presentes. Pensando melhor, agora, eu achava que os cabelos curtos lhe ficavam bem. Realçavam as maçãs do rosto, os negros olhos atentos – cabendo em si a curiosidade nata que é dada ao sexo feminino. Que perguntam sem dedos em escoriações, rodeando as respostas que já conhecem, feito borboletas que não se permitem prever o rumo. Cris era a mulher mais borboleta que já nasceu. A menininha voltou, em pequenos saltos, se aproximando inclinada do rosto de Cris, que se abaixou, surpresa e agradecida, ao beijo estalado. Ela sequer sabia que a delicadeza das gentes do mundo só lhe saltava às vistas por razão de suas retinas dispostas. Ela sequer sabia que nas delicadezas todas há um cerne que não se alcança, uma razão silenciosa que se move na generosidade. Como se uma qualidade diferente de almas delicadas estivesse distribuída e fosse se reconhecendo em gestos de delicadeza. Faz muito tempo que eu perdi a espontaneidade do prazer... isso é tão estranho, a gente esquecer onde coloca o desejo, ficar desatento ao que dá força pros movimentos, não é? O olhar era interrogativo, mas a questão era muda de resposta. No eco dos gritos das outras crianças todas Cris devia se deitar. De braços abertos. Junto aos pequenos que vestiam suas cores, carregando balões e algodões-doce. Que a beleza de Cris nascia exatamente onde surgiam as plenitudes e os ápices. E também onde estes se perdiam, caindo em desencanto, em esquecimento, em turvas atenções – feito guardassem em si o segredo que lhes serviu de vida. Cris era essa espécie de gaveta. Vezes aberta, noutras não. Cris baixou os olhos e colocou a mão no meu colo. Retribuí o gesto, descansando meus dedos sobre os dela. E passaram-se anos. Vieram primaveras inteiras, correram ventos e folhas. Os dias acumulados. Os restos de risos. Começos de estradas. Pedaços de pano e pó. Cris colheu dois frutos ressequidos de seu útero ansioso. Perdeu pai e mãe. Conheceu um irmão bastardo. Comprou terras. Vendeu o carro. Tatuou a panturrilha esquerda. Colocou lentes de vidro sobre os olhos negros e sentou-se num banco do parque. Canelas de fora, pés de fora, colo de fora. Sorriso leve de fora a fora. Sentei-me a seu lado. Os cabelos curtos ficaram muito bem. Crianças corriam naquele domingo ensolarado de primavera. Cris falava sobre a infância, os prazeres, a delicadeza. Colocou a mão sobre meu colo. Eu jamais poderia prever que todo o resto do que eu seria se tornaria o eterno rodear do momento. O eterno rodear em Cris. Infinitamente.
Quatro leques de pestanas saltadas que evidenciam os castanhos globos oculares. Atentos. Receosos de quê? Em pequenos movimentos circulares, como que lambendo cada pedaço do que alcançam as vistas da vista de si. Concentrando-se no meio dos fios alinhados que se deitam acima dos leques, abaixo da parede clara e lisa – que, em insatisfações ou desentendimentos, se converte em reajuste de músculos: numa testa enrugada. Que ali, ainda lisa, já estão guardadas as promessas das marcas que a vida trata de dar. Demorar-se em pontos fixos é permitir-se enxergar os primeiros sinais, riscos leves que nem o maior riso seria capaz de anulá-los. No centro da face aponta delicado e róseo um nariz, nem fino, nem largo. Pedaço de cartilagem bem articulado entre a pele clara das maçãs recém-despertas de uma noite insone. Gripe que interrompe o processo silencioso, invertendo o dedicar-se de Narciso em contorções bruscas e úmidas dos espirros e assoares das narinas. Na esquerda delas, que de cá se vê de lá a mesma, um fio fino e prata a rodear o lado canhoto nasal. Logo abaixo, os lábios. Dois gomos sobrepostos, desenho sutil de contornos em movimento de aconchego. São libertos de segredos, evidenciam não os ter e, por isso, não se trancam secos e imóveis. Antes são dispostos ao desenlace e mostram brancas fileiras de dentes. Deixando as atenções rumarem ao pé do rosto, desliza-se por um arredondado ósseo que delimita o oval. Formato tal que é interrompido por um par de orelhas simetricamente opostas, harmoniosamente decoradas de argolas prateadas e pequenos brilhos que atravessam a carne de suas extremidades. Ali não dormem os segredos que os lábios desconhecem. Ali as conchas auditivas estão atentas ao eco que o silêncio faz. Parecem distraídas. Mantêm-se dispostas às ondas que lhe invadam sem ruídos, em comunicação que se faça inteira e entendível. Retorna-se aos olhos, amansados de si, da dedicação concentrada. Reiniciando em reinvenção todo o processo de descobrimento. E levam-se anos, vidas inteiras na busca de sentidos para a imagem refletida. Os mistérios que geramos e que se emancipam de nós antes de descobertos.
A infância que passei no interior de São Paulo. Não tinha pastos, cavalos, nem Manuelzinhos-da-crôa. Sempre uma menina acostumada aos desprazeres da cidade. “Cuidado com carro!” “Não fale com nenhum estranho...” “Olha a hora, já ta atrasada!” Mas há o interior em suas graças. A amiga da rua de cima. Descendo com a caixa cheia de bonecas para que brincássemos na varanda. Sabão em pó e mangueira pra escorregar nos azulejos enquanto durasse o verão. Saquinhos compridos de plástico cheios de suco artificial sendo insistentemente checados no congelador para que fossem saboreados ao ponto. “Quem chegar por último é a mulher do sapo!” Um dia, voltando da aula – escola de uns quarteirões acima. Foi ainda no portãozão do pátio que chutei uma pedrinha cinzenta. De um dedal era seu tamanho. Fui golpeando delicadamente aquele pedacinho. Fiz subir e descer calçadas, atravessar ruas, rolar pela rampa do lado da igreja – meu deus, como era enorme a rampa que hoje subo em quatro passadas largas! – e fui levando a pedrinha adiante. Fiz conhecer o caminho de saída do mundo. Quis mostrá-la o aconchego. Na ladeira da rua Santa Fé, já apegada à companhia que eu levava sem resistências, tive medo que rolasse fugidia. Agachei-me e descobri o amor. Tinha a tal pedrinha, no de dentro de uma lasca, uma tal infinidade de facetas brilhosas que fiquei de cócoras a observar o universo recém-descoberto. Os dedos em pinça colocaram-na no centro de minha palma branca que se fechou enquanto eu corria pra casa querendo banhá-la. Sabonete, água corrente e o reflexo do meu riso no pescoço da torneira da pia. Escolhi uma caixinha – seus quatro lados de um centimetro – com uma espuminha que deixava o leito mais confortável. Assistia televisão, almoçava, tomava banho, ia dormir... deliciosamente acompanhada. Ao sair para aula dava-lhe beijos carinhosos e andava aflita, já com saudades. Não sei bem quando e qual a maneira. Fui esquecendo-me da pedrinha. A caixinha já não me acompanhava pelos cômodos da casa, já não era aberta todos os dias. Nunca mais dei-lhe banhos. Fui esquecendo-me dela. O mundo e a vastidão da imaginação que me ocupava o tempo e as idéias. Fui esquecendo-me. Até que nunca mais a soube. Assim, sem dores, sem despedidas. Sem dar-me conta. Nunca tive um porquinho-da-índia. Aquela pedrinha sim é que foi o meu primeiro namorado. [tornei-me eu pedrinha. tornei-me busca pela tal lasca em mim. uma procura pela fresta que me leve às infinitas facetas brilhantes (...) alguns que viram. e também dormi em caixinhas acolchoadas. outros também esqueceram-me. apesar das despedidas e contas (...) também eu já fui embora.
Começou numa daquelas manhãs abafadas de Resende, enquanto subia a ladeira do Jardim Brasília II, indo pra casa depois do colégio. Na mochila que me deixava empapada de suor, eu carregava as folhas da longa carta que escrevia para Sara. Ao virar a esquina, já de costas para o Pico das Agulhas Negras, avistaria o sorriso largo e dócil dela. Sara desceria a rampa da garagem para nos abraçarmos saudosas e emocionadas. Eu falaria dos dias vazios, das saudades de Minas Gerais e da falta dela nos meus dias. Mas ao chegar ao meu portão: nem Sara, nem cartas na caixinha de correio. Então eu abria a porta, beijava minha mãe, que estava sempre preparando o almoço, e subia lentamente as escadas que levavam ao meu quarto. Ao abrir a porta, já acostumada ao silêncio daqueles dias, encontraria Sara sentada em minha cama. O tal sorriso, o loiro dos cabelos e o sotaque manso. Mas ao fim dos degraus, a porta aberta denunciava o vazio do quarto. Dias em seqüência, o caminho para casa era o alimento de minha fé. Tecia, cuidadosamente, os detalhes dessa mentira, enganando-me de esperança. Sara nunca cruzou os mais de seiscentos quilômetros de Sete Lagoas até o interior carioca. Fui eu tantas vezes até lá para visitá-la, reencontrar os amigos do teatro, o primeiro menino que namorei e algumas das verdades que construí. Mas quando em casa, dias inúteis, eu era a dona de meus próprios enganos, criando as mentiras que se diluíam. Tão logo eu dobrasse a esquina, no instante em que alcançava o mais alto da escada. Sara nunca soube que sua ausência minguava minha fé. E passei a culpar-me pelas frustrações diárias. Já exausta de uma espera solitária, acabei por concluir que minhas mentiras eram responsáveis pela anulação dos acontecimentos: uma vez que eu pensasse, a possibilidade tornava-se vento. A solução me veio nos entremeios do tempo. Para reencontrar a esperança e em mim a nascente da fé, aprendi então a voar.
A entrega é mesmo livre, assim. Feito estalo em folha seca. Feito um sussurro se alongando pelos tímpanos. Uma vez em terras férteis, ainda que chova ou vente em demasia, ou que por acontecer o contrário, seque o chão até as funduras, uma vez caído o grão, ela nasce. Em silêncio e tortuosa, desenhando seus mistérios. Indo embora sem avisos. Abandonando o ventre remexido e vulnerável. Instaurando nova espera.
Sob a perspectiva de um tempo que se torna inteiramente grávido de futuro foi que descerrou os olhos. Mas não esses de fora, captando mundo e desenhos nas nuvens. Mas dos de dentro, voltados pras razões que certas vezes se esfumaçam e embaralham o entendimento – suspeitando-se de abortos apavorantes. Decidindo-se, pois, sem dar-se conta dos meandros, embrenhou-se por umas quantas questões que adormeciam, há anos, a ausências de gabaritos. E foram tempos turbulentos aqueles. O medo aparecia-lhe no sono atribulado: noites misturando maravilhas e foices. Pequenez no estômago – bolinha verdinha de ervilha murcha. Um tamanho todo de crânio forçando os limites físicos e leis naturais de temperatura e pressão. Era o descompasso silencioso de uma mosca a debater-se contra o vidro que não existe. Ou que em sua natureza de mosca, não vê. Como quando se fala de baixo d’água. O eco oco. Bolhas inúteis correndo para alcançar a liberdade do céu. Num estalar de superfícies em que elas morrem na própria pressa. Porque a morte vem sempre num estalo. Tempo longuíssimo de paciência, isso sim. Barulhos intermináveis insistindo em bater estaca. O umbigo é o fogo central, a origem cega e vital. Erro necessário pra desvendar membros, dedos e enlaces. A fraqueza dos músculos em desuso, antes de cansados. Deslumbradamente dispostos quanto inaptos. Quando enfim. Olhos abertos em águas e cores. Fechados em lábios delicadamente postos. Dedos exatos que passeiam pela pele fresca e entregue. Quando feita a paz.
Leve Desespero Capital Inicial Eu não consigo mais me concentrar Eu vou tentar alguma coisa para melhorar É importante, todos me dizem Mas nada me acontece como eu queria Estou perdido, sei que estou Cego para assuntos banais Problemas do cotidiano Eu já não sei como resolver Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Então é outra noite num bar Um copo atrás do outro Procuro trocados no meu bolso Dá pra me arrumar um cigarro? Eu não consigo mais me concentrar Eu vou tentar alguma coisa para melhorar Já estou vendo TV como companhia Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Talvez se você entendesse O que está acontecendo Poderia me explicar Eu não saio do meu canto As paredes me impedem Eu só queria me divertir As paredes me impedem Eu já estou vendo TV como companhia Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui .
e tudo que vai, agora, eu sei que vai com alguma razão. me perdoe por tudo o que não fiz por nós, pra que essa história se completasse, mas me entenda agora, não quero que isso morra aqui, eu te amo demais e não sei ao certo como seria sem você :/ por favor, fique ou vá, antes que eu me ajoelhe implorando pra você ficar, antes que eu me desespere e desista de mim por vc, fique e diga que vai tentar, que vamos conseguir, hoje eu preciso de vc, quero você, só você. Ninguém mais me faz tão bem, por favor. é isso.

6 de dez. de 2009

Eu não tava nem pensando mas você foi me pegando e agora não importa aonde vá: me ganhou, vai ter que me levar! Você me vê assim do jeito que eu sou É, e faz de mim o que bem quer Eu que sei tão pouco de você E você que teima em me querer.
Hoje em dia não me importo com o que fiz do meu passado Quero amigo, sorte, muita gente boa do meu lado E não rebato se disserem por aí que eu tô errado Porque quem se debate está sozinho ou afogado? Eu que não fico no meio, não começo e nem acabo Eu sou filho do amor, não de Deus nem do diabo A ciranda das canções eu me ponho a revesar Rodando entre as ondas que me puxam em alto mar Hoje sei bem quem sou eu que giro a minha vida circular Essa roda eu que invento e faço tudo nela se encaixar É eu sou assim.

1 de dez. de 2009

Você tem ódio nos seus olhos E arrogância em todas palavras Eu não pretendo julgar você Eu não me sinto no direito Eu faço o que eu quero Mas eu nunca machuquei ninguém Com tolas palavras Por que nós não ficamos juntos? Por que não ficamos juntos? Não estou invadindo o seu espaço Apenas reconquistando tudo aquilo que eu perdi Tudo aquilo que me foi roubado Mas parece que vou levar muito tempo.
Já não tenho dedos pra contar de quantos barrancos despenquei, e quantas pedras me atiraram, e quantas atirei. Tanta farpa, tanta mentira , tanta falta do que dizer ; nem sempre é so easy se viver. Hoje não consigo mais me lembrar de quantas janelas me atirei e quanto rastro de incompreensão eu já deixei . Tantos bons, quantos maus motivos, tantas vezes desilusão, quase nunca a vida é um balão. Mas o teu amor me cura de uma loucura qualquer ; encostar no teu peito e se isso for algum defeito, por mim, tudo bem.

30 de dez. de 2009

Não sei, quando tudo fica assim entre a gente eu sinceramente não sei, a distância é tão doce, doce que pode até matar. Perdão. As cores já desbotaram faz é tempo, alegrias e tristezas se misturam, a certeza do hoje não existe, não temos mais lembranças de nossas horas acumuladas de gargalhadas, aquelas que ecoavam pelo ar formando não apenas corações, formando novos gestos e carinhos que nem eu e nem você entendíamos. Eu me arrependo tanto do que eu fiz e deixei de fazer. Perdão 2. Nem que eu viva mil anos, nem assim isso vai passar, mesmo com cores desbotadas, deformando todos aqueles nossos corações e carinhos lá no céu, mesmo com tudo isso, eu vou te amar pro resto da vida, eu sei, é errado afirmar isso, mas quero que fique registrado pra poderem me cobrar se um dia o preto e branco levar minha memória.
Amarrados na caverna sem perceber que as sombras na pedra não passam de sombras ainda veremos todo o céu derretendo pingando o ódio que subiu e que se acumula cada dia mais nas nuvens negras sobre os chapéus, apenas o amor nos salvará Urubus espalharão que estou afundado na insensatez, Insensato é quem não fica bem quando vê que o outro encontrou a paz. - Seja sempre sincero Com aquilo que sente Eu ainda te espero... Bem aqui. ♥

29 de dez. de 2009

Foi buscando acertar que às vezes eu errei Mas quem pode acusar sem tentar compreender Quando saio sem regar violetas que plantei A sede que causei me afogará Sem pressa sei que posso alcançar Digam o que quiserem só uma coisa importa Verdadeiro é meu amor o sentimento foi real Quando eu te entreguei tudo aquilo que há em mim Pode até não parecer Se o mal que há em mim faz doer o seu coração Minha triste imperfeição Será que conseguirei a bondade que sonhei? Estou sempre a tentar remover as pedras Se desvio o olhar da mão em minha direção Fecho os olhos para mim e para você Não canso, não desisto de lutar Ainda se tropeço só uma coisa importa Verdadeiro é meu amor.

28 de dez. de 2009

Às vezes parecia que de tanto acreditar em tudo que achávamos tão certo, teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais, faríamos floresta do deserto, e diamantes de pedaços de vidro. Mas percebo agora que o teu sorriso vem diferente, quase parecendo te ferir. Não queria te ver assim. Quero a tua força como era antes, o que tens é só teu e de nada vale fugir. E não sentir mais nada. Às vezes parecia que era só improvisar e o mundo então seria um livro aberto. Até chegar o dia em que tentamos ter demais, vendendo fácil o que não tinha preço. Eu sei é tudo sem sentido, quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim. Nada mais vai me ferir, é que eu já me acostumei com a estrada errada que eu segui, e com a minha própria lei. Tenho o que ficou e tenho sorte até demais. Como sei que tens também.

24 de dez. de 2009

Não me faça nenhum favor Não espere nada de mim Não me fale seja o que for Sinto muito que seja assim Como se fizesse diferença O que você acha ruim Como se eu tivesse prometido Alguma coisa pra você Eu nunca disse que faria o que é direito Não se conserta o que já nasce com defeito Não tem jeito Não há nada a se fazer Mesmo que eu pudesse controlar a minha raiva Mesmo que eu quisesse conviver com a minha dor Nada sairia do lugar que já estava Não seria nada diferente do que sou Não quero que me veja Não quero que me chame Não quero que me diga Não quero que reclame Eu espero que você entenda bem Eu não gosto de ninguém.

23 de dez. de 2009

Já parou pra pensar em como o mar é grande? Já parou pra pensar nas riquezas que ele traz? Já parou pra pensar que um choro é a extremidade dos sentimentos? Já parou pra pensar em como o céu muda de cor? Já parou pra pensar que daqui a algum tempo nos tornaremos velhos? Já parou pra pensar na fome de toda humanidade? Você alguma vez já parou pra pensar? Já parou pra pensar que eu posso tá falando um monte de besteira enquanto você se entope de mentiras que quer escutar? Já parou pra pensar que nem sempre a coisa que eu acho certa você também vai achar? Meu bem, você já parou pra pensar? alguma vez. (uma das músicas que eu fiz uns mil anos atrás HIOSHDFIOHSD) :*

20 de dez. de 2009

E vem cá para o meu lado Pra gente viver sem dor.

18 de dez. de 2009

It's a little too late for you to come back Say it's just a mistake Think I'd forgive you like that If you thought I would wait for you You thought wrong... But you're just a boy You don't understand How it feels to love a girl someday You wish you were a, better man You don't listen to her You don't care how it hurts Until you lose the one you wanted Cause you're taking her for granted And everything you had got destroyed But you're just a boy.
Alô aqui é do Céu. Quem tá na linha é Deus. Tô vendo tudo esquisito o que que deu em vocês? Por favor não deixem a peteca cair. O diabo disse que vai baixar de uma vez por aí. Pois é, eu fiz vocês como eu, imagem e perfeição e vocês anarquisando a minha reputação. Eu não compreendo tanta reclamação se dei igual pra todo mundo, tem gente aí metendo a mão. Segunda. Tão acabando com a Terra que era somente sua. agora já tão querendo se mudar pra lua. O que vocês querem exigir mais de mim. Se tudo que eu fiz vocês acham ruim? Agora eu vou desligar o telefone tá caro. Já falei demais. Brigado pela atenção. Mas por favor se ligarem dizendo ser eu Pode ser um trote do diabo que já desceu. Que já desceu.

16 de dez. de 2009

tou com idéias na cabeça, mas ainda não as organizei, então, tempo sim? Passem bem.

15 de dez. de 2009

Infantil meu pedido, que me esperassem crescer pra ver tanta mentira,é tudo verdade; a gente não agüenta mais tanta mentira! Quero conversa sincera, olhar bem pra tua cara e até te agradecer por isso. É tudo verdade a gente não aguenta mais, tanta mentira! Falta de opção, falta de amor você não tem noção... É ambição demais , reação de menos, poluindo não punindo, o óleo fica pra depois. Raimundos, pavilhões, submundos, multidões . Só não posso deixar pra depois, filmes mudos, lados b,lados bons, eu e você . Eu só não vou me deixar para depois (...) Eu só não vou te deixar pra depois, eu e você e eu, nunca mais pra depois.
As palavras e as promessas Tão passado e tão presente Tão eterno enquanto dure E o coração em cubos.

13 de dez. de 2009

Quem mais eu posso ser, que mais posso fazer Quem mais seria, senão eu Se não adiantou, me diga, por favor Me ama ou me deixa ir Não me perca amor, se resolve Ou me deixa amor, ou se entrega a mim E mesmo sem sorrir, ainda estou aqui Ainda é tempo, não lavei minhas mãos Se acaso decidir, não vir pela metade Não durma no ponto, pra não chegar tarde.
Esses dias andei pensando, solucionando, formulando tudo que você disse e não fez, é, é complicado admitir que nos damos ao desfrute do nada, somos esquisitos, nos amamos e não demonstramos; somos estranhos, nos queremos e não nos escontramos. Será? Às vezes me bate uma tristeza, rodam mil histórias na minha cabeça, ciúme, decepção, desejo, como atribuir tanto sentimento a um só ser? Você anda tomando muito espaço, espaço esse que não me pertence, cuidado pra não passar pra o gramado do vizinho, eu sei que a grama é verde, mas nem sempre foi assim. Estou esperando e cada minuto parece um ano, cada segundo minha alma grita, implora, volte, isso tá me matando, mas eu quero que você volte por querer e não por pedido meu, parece um orgulho meio bobo, temos que conversar tanto ainda sobre isso, só que hoje o que eu quero não é você, só hoje viu? Hoje eu quero o meu silêncio, a minha solidão e eu não abro mão, amanhã, bem, amanhã a gente vê.
Eu devia estar contente Porque eu tenho um emprego Sou um dito cidadão respeitável E ganho quatro mil cruzeiros Por mês... Eu devia agradecer ao Senhor Por ter tido sucesso Na vida como artista Eu devia estar feliz Porque consegui comprar Um Corcel 73... Eu devia estar alegre E satisfeito Por morar em Ipanema Depois de ter passado Fome por dois anos Aqui na Cidade Maravilhosa... Ah! Eu devia estar sorrindo E orgulhoso Por ter finalmente vencido na vida Mas eu acho isso uma grande piada E um tanto quanto perigosa... Eu devia estar contente Por ter conseguido Tudo o que eu quis Mas confesso abestalhado Que eu estou decepcionado... Porque foi tão fácil conseguir E agora eu me pergunto "e daí?" Eu tenho uma porção De coisas grandes prá conquistar E eu não posso ficar aí parado... Eu devia estar feliz pelo Senhor Ter me concedido o domingo Prá ir com a família No Jardim Zoológico Dar pipoca aos macacos... Ah! Mas que sujeito chato sou eu Que não acha nada engraçado Macaco, praia, carro Jornal, tobogã Eu acho tudo isso um saco... É você olhar no espelho Se sentir Um grandessíssimo idiota Saber que é humano Ridículo, limitado Que só usa dez por cento De sua cabeça animal... E você ainda acredita Que é um doutor Padre ou policial Que está contribuindo Com sua parte Para o nosso belo Quadro social... Eu que não me sento No trono de um apartamento Com a boca escancarada Cheia de dentes Esperando a morte chegar... Raulzito ♥

8 de dez. de 2009

Dói de verdade e não é bonito. O dia nasceu coerentemente cinza e chuvoso na minha noite mal-dormida e mal-entendida. Porque sou mesmo medrosa e talvez pela primeira vez em minha existência eu tenha me enxergado com relação ao mundo. Sei que depois de todo um marasmo e calmaria, veio meu tropeço, meu tombo, meu rosto desfigurado, inchado de sono, bebida e choro. Era mais bonito quando doía de leve, mas eu não ficaria sem sentir a vida por muito tempo, e eis que ontem ela me cuspiu na cara e riu da minha falta de jeito, me encolhendo no cantinho da janela. Talvez o sol apareça, talvez as pessoas voltem a me sorrir coloridas, talvez eu volte a pertencer a forma que desejam e talvez, assim sendo, eu volte a me esquecer de mim, embora eu jamais esqueça essa dor que eu ainda nem sei entender.

7 de dez. de 2009

Como tem gente delicada no mundo... Cris disse enquanto a menina se distanciava, com duas balas escondidas nas miúdas mãos fechadas em concha. Fazia um calor forte demais para uma primavera recém-nascida naqueles entremeios de setembro. Mas um vento vinha de leve mexer no vestido da menina, nos cabelos de Cris, nos meus olhos que se enrugavam. Eu gosto desse tempo. Gosto mesmo. Lembro de sempre desenhar umas florzinhas quando era criança. E minha mãe dizia que sempre quando me perguntavam do que eu mais gostava na vida, aí eu respondia que era da primavera... Ela tinha um jeito lento e preciso de sorrir, sem esbanjar a alegria que de fato lhe comovia. E se num pedaço de história acontecesse de se lembrar de coisas outras menos felizes, não disfarçava o movimento do rosto se transformando num lento cair de músculos. Mas geralmente tinha os lábios fechados num começo de sorriso ainda não dado. Cris era uma promessa. O por-vir. O de-depois que é recompensa e melhora do que se tem nos agoras das horas infinitamente presentes. Pensando melhor, agora, eu achava que os cabelos curtos lhe ficavam bem. Realçavam as maçãs do rosto, os negros olhos atentos – cabendo em si a curiosidade nata que é dada ao sexo feminino. Que perguntam sem dedos em escoriações, rodeando as respostas que já conhecem, feito borboletas que não se permitem prever o rumo. Cris era a mulher mais borboleta que já nasceu. A menininha voltou, em pequenos saltos, se aproximando inclinada do rosto de Cris, que se abaixou, surpresa e agradecida, ao beijo estalado. Ela sequer sabia que a delicadeza das gentes do mundo só lhe saltava às vistas por razão de suas retinas dispostas. Ela sequer sabia que nas delicadezas todas há um cerne que não se alcança, uma razão silenciosa que se move na generosidade. Como se uma qualidade diferente de almas delicadas estivesse distribuída e fosse se reconhecendo em gestos de delicadeza. Faz muito tempo que eu perdi a espontaneidade do prazer... isso é tão estranho, a gente esquecer onde coloca o desejo, ficar desatento ao que dá força pros movimentos, não é? O olhar era interrogativo, mas a questão era muda de resposta. No eco dos gritos das outras crianças todas Cris devia se deitar. De braços abertos. Junto aos pequenos que vestiam suas cores, carregando balões e algodões-doce. Que a beleza de Cris nascia exatamente onde surgiam as plenitudes e os ápices. E também onde estes se perdiam, caindo em desencanto, em esquecimento, em turvas atenções – feito guardassem em si o segredo que lhes serviu de vida. Cris era essa espécie de gaveta. Vezes aberta, noutras não. Cris baixou os olhos e colocou a mão no meu colo. Retribuí o gesto, descansando meus dedos sobre os dela. E passaram-se anos. Vieram primaveras inteiras, correram ventos e folhas. Os dias acumulados. Os restos de risos. Começos de estradas. Pedaços de pano e pó. Cris colheu dois frutos ressequidos de seu útero ansioso. Perdeu pai e mãe. Conheceu um irmão bastardo. Comprou terras. Vendeu o carro. Tatuou a panturrilha esquerda. Colocou lentes de vidro sobre os olhos negros e sentou-se num banco do parque. Canelas de fora, pés de fora, colo de fora. Sorriso leve de fora a fora. Sentei-me a seu lado. Os cabelos curtos ficaram muito bem. Crianças corriam naquele domingo ensolarado de primavera. Cris falava sobre a infância, os prazeres, a delicadeza. Colocou a mão sobre meu colo. Eu jamais poderia prever que todo o resto do que eu seria se tornaria o eterno rodear do momento. O eterno rodear em Cris. Infinitamente.
Quatro leques de pestanas saltadas que evidenciam os castanhos globos oculares. Atentos. Receosos de quê? Em pequenos movimentos circulares, como que lambendo cada pedaço do que alcançam as vistas da vista de si. Concentrando-se no meio dos fios alinhados que se deitam acima dos leques, abaixo da parede clara e lisa – que, em insatisfações ou desentendimentos, se converte em reajuste de músculos: numa testa enrugada. Que ali, ainda lisa, já estão guardadas as promessas das marcas que a vida trata de dar. Demorar-se em pontos fixos é permitir-se enxergar os primeiros sinais, riscos leves que nem o maior riso seria capaz de anulá-los. No centro da face aponta delicado e róseo um nariz, nem fino, nem largo. Pedaço de cartilagem bem articulado entre a pele clara das maçãs recém-despertas de uma noite insone. Gripe que interrompe o processo silencioso, invertendo o dedicar-se de Narciso em contorções bruscas e úmidas dos espirros e assoares das narinas. Na esquerda delas, que de cá se vê de lá a mesma, um fio fino e prata a rodear o lado canhoto nasal. Logo abaixo, os lábios. Dois gomos sobrepostos, desenho sutil de contornos em movimento de aconchego. São libertos de segredos, evidenciam não os ter e, por isso, não se trancam secos e imóveis. Antes são dispostos ao desenlace e mostram brancas fileiras de dentes. Deixando as atenções rumarem ao pé do rosto, desliza-se por um arredondado ósseo que delimita o oval. Formato tal que é interrompido por um par de orelhas simetricamente opostas, harmoniosamente decoradas de argolas prateadas e pequenos brilhos que atravessam a carne de suas extremidades. Ali não dormem os segredos que os lábios desconhecem. Ali as conchas auditivas estão atentas ao eco que o silêncio faz. Parecem distraídas. Mantêm-se dispostas às ondas que lhe invadam sem ruídos, em comunicação que se faça inteira e entendível. Retorna-se aos olhos, amansados de si, da dedicação concentrada. Reiniciando em reinvenção todo o processo de descobrimento. E levam-se anos, vidas inteiras na busca de sentidos para a imagem refletida. Os mistérios que geramos e que se emancipam de nós antes de descobertos.
A infância que passei no interior de São Paulo. Não tinha pastos, cavalos, nem Manuelzinhos-da-crôa. Sempre uma menina acostumada aos desprazeres da cidade. “Cuidado com carro!” “Não fale com nenhum estranho...” “Olha a hora, já ta atrasada!” Mas há o interior em suas graças. A amiga da rua de cima. Descendo com a caixa cheia de bonecas para que brincássemos na varanda. Sabão em pó e mangueira pra escorregar nos azulejos enquanto durasse o verão. Saquinhos compridos de plástico cheios de suco artificial sendo insistentemente checados no congelador para que fossem saboreados ao ponto. “Quem chegar por último é a mulher do sapo!” Um dia, voltando da aula – escola de uns quarteirões acima. Foi ainda no portãozão do pátio que chutei uma pedrinha cinzenta. De um dedal era seu tamanho. Fui golpeando delicadamente aquele pedacinho. Fiz subir e descer calçadas, atravessar ruas, rolar pela rampa do lado da igreja – meu deus, como era enorme a rampa que hoje subo em quatro passadas largas! – e fui levando a pedrinha adiante. Fiz conhecer o caminho de saída do mundo. Quis mostrá-la o aconchego. Na ladeira da rua Santa Fé, já apegada à companhia que eu levava sem resistências, tive medo que rolasse fugidia. Agachei-me e descobri o amor. Tinha a tal pedrinha, no de dentro de uma lasca, uma tal infinidade de facetas brilhosas que fiquei de cócoras a observar o universo recém-descoberto. Os dedos em pinça colocaram-na no centro de minha palma branca que se fechou enquanto eu corria pra casa querendo banhá-la. Sabonete, água corrente e o reflexo do meu riso no pescoço da torneira da pia. Escolhi uma caixinha – seus quatro lados de um centimetro – com uma espuminha que deixava o leito mais confortável. Assistia televisão, almoçava, tomava banho, ia dormir... deliciosamente acompanhada. Ao sair para aula dava-lhe beijos carinhosos e andava aflita, já com saudades. Não sei bem quando e qual a maneira. Fui esquecendo-me da pedrinha. A caixinha já não me acompanhava pelos cômodos da casa, já não era aberta todos os dias. Nunca mais dei-lhe banhos. Fui esquecendo-me dela. O mundo e a vastidão da imaginação que me ocupava o tempo e as idéias. Fui esquecendo-me. Até que nunca mais a soube. Assim, sem dores, sem despedidas. Sem dar-me conta. Nunca tive um porquinho-da-índia. Aquela pedrinha sim é que foi o meu primeiro namorado. [tornei-me eu pedrinha. tornei-me busca pela tal lasca em mim. uma procura pela fresta que me leve às infinitas facetas brilhantes (...) alguns que viram. e também dormi em caixinhas acolchoadas. outros também esqueceram-me. apesar das despedidas e contas (...) também eu já fui embora.
Começou numa daquelas manhãs abafadas de Resende, enquanto subia a ladeira do Jardim Brasília II, indo pra casa depois do colégio. Na mochila que me deixava empapada de suor, eu carregava as folhas da longa carta que escrevia para Sara. Ao virar a esquina, já de costas para o Pico das Agulhas Negras, avistaria o sorriso largo e dócil dela. Sara desceria a rampa da garagem para nos abraçarmos saudosas e emocionadas. Eu falaria dos dias vazios, das saudades de Minas Gerais e da falta dela nos meus dias. Mas ao chegar ao meu portão: nem Sara, nem cartas na caixinha de correio. Então eu abria a porta, beijava minha mãe, que estava sempre preparando o almoço, e subia lentamente as escadas que levavam ao meu quarto. Ao abrir a porta, já acostumada ao silêncio daqueles dias, encontraria Sara sentada em minha cama. O tal sorriso, o loiro dos cabelos e o sotaque manso. Mas ao fim dos degraus, a porta aberta denunciava o vazio do quarto. Dias em seqüência, o caminho para casa era o alimento de minha fé. Tecia, cuidadosamente, os detalhes dessa mentira, enganando-me de esperança. Sara nunca cruzou os mais de seiscentos quilômetros de Sete Lagoas até o interior carioca. Fui eu tantas vezes até lá para visitá-la, reencontrar os amigos do teatro, o primeiro menino que namorei e algumas das verdades que construí. Mas quando em casa, dias inúteis, eu era a dona de meus próprios enganos, criando as mentiras que se diluíam. Tão logo eu dobrasse a esquina, no instante em que alcançava o mais alto da escada. Sara nunca soube que sua ausência minguava minha fé. E passei a culpar-me pelas frustrações diárias. Já exausta de uma espera solitária, acabei por concluir que minhas mentiras eram responsáveis pela anulação dos acontecimentos: uma vez que eu pensasse, a possibilidade tornava-se vento. A solução me veio nos entremeios do tempo. Para reencontrar a esperança e em mim a nascente da fé, aprendi então a voar.
A entrega é mesmo livre, assim. Feito estalo em folha seca. Feito um sussurro se alongando pelos tímpanos. Uma vez em terras férteis, ainda que chova ou vente em demasia, ou que por acontecer o contrário, seque o chão até as funduras, uma vez caído o grão, ela nasce. Em silêncio e tortuosa, desenhando seus mistérios. Indo embora sem avisos. Abandonando o ventre remexido e vulnerável. Instaurando nova espera.
Sob a perspectiva de um tempo que se torna inteiramente grávido de futuro foi que descerrou os olhos. Mas não esses de fora, captando mundo e desenhos nas nuvens. Mas dos de dentro, voltados pras razões que certas vezes se esfumaçam e embaralham o entendimento – suspeitando-se de abortos apavorantes. Decidindo-se, pois, sem dar-se conta dos meandros, embrenhou-se por umas quantas questões que adormeciam, há anos, a ausências de gabaritos. E foram tempos turbulentos aqueles. O medo aparecia-lhe no sono atribulado: noites misturando maravilhas e foices. Pequenez no estômago – bolinha verdinha de ervilha murcha. Um tamanho todo de crânio forçando os limites físicos e leis naturais de temperatura e pressão. Era o descompasso silencioso de uma mosca a debater-se contra o vidro que não existe. Ou que em sua natureza de mosca, não vê. Como quando se fala de baixo d’água. O eco oco. Bolhas inúteis correndo para alcançar a liberdade do céu. Num estalar de superfícies em que elas morrem na própria pressa. Porque a morte vem sempre num estalo. Tempo longuíssimo de paciência, isso sim. Barulhos intermináveis insistindo em bater estaca. O umbigo é o fogo central, a origem cega e vital. Erro necessário pra desvendar membros, dedos e enlaces. A fraqueza dos músculos em desuso, antes de cansados. Deslumbradamente dispostos quanto inaptos. Quando enfim. Olhos abertos em águas e cores. Fechados em lábios delicadamente postos. Dedos exatos que passeiam pela pele fresca e entregue. Quando feita a paz.
Leve Desespero Capital Inicial Eu não consigo mais me concentrar Eu vou tentar alguma coisa para melhorar É importante, todos me dizem Mas nada me acontece como eu queria Estou perdido, sei que estou Cego para assuntos banais Problemas do cotidiano Eu já não sei como resolver Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Então é outra noite num bar Um copo atrás do outro Procuro trocados no meu bolso Dá pra me arrumar um cigarro? Eu não consigo mais me concentrar Eu vou tentar alguma coisa para melhorar Já estou vendo TV como companhia Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Talvez se você entendesse O que está acontecendo Poderia me explicar Eu não saio do meu canto As paredes me impedem Eu só queria me divertir As paredes me impedem Eu já estou vendo TV como companhia Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui Sob um leve desespero Que me leva, que me leva daqui .
e tudo que vai, agora, eu sei que vai com alguma razão. me perdoe por tudo o que não fiz por nós, pra que essa história se completasse, mas me entenda agora, não quero que isso morra aqui, eu te amo demais e não sei ao certo como seria sem você :/ por favor, fique ou vá, antes que eu me ajoelhe implorando pra você ficar, antes que eu me desespere e desista de mim por vc, fique e diga que vai tentar, que vamos conseguir, hoje eu preciso de vc, quero você, só você. Ninguém mais me faz tão bem, por favor. é isso.

6 de dez. de 2009

Eu não tava nem pensando mas você foi me pegando e agora não importa aonde vá: me ganhou, vai ter que me levar! Você me vê assim do jeito que eu sou É, e faz de mim o que bem quer Eu que sei tão pouco de você E você que teima em me querer.
Hoje em dia não me importo com o que fiz do meu passado Quero amigo, sorte, muita gente boa do meu lado E não rebato se disserem por aí que eu tô errado Porque quem se debate está sozinho ou afogado? Eu que não fico no meio, não começo e nem acabo Eu sou filho do amor, não de Deus nem do diabo A ciranda das canções eu me ponho a revesar Rodando entre as ondas que me puxam em alto mar Hoje sei bem quem sou eu que giro a minha vida circular Essa roda eu que invento e faço tudo nela se encaixar É eu sou assim.

1 de dez. de 2009

Você tem ódio nos seus olhos E arrogância em todas palavras Eu não pretendo julgar você Eu não me sinto no direito Eu faço o que eu quero Mas eu nunca machuquei ninguém Com tolas palavras Por que nós não ficamos juntos? Por que não ficamos juntos? Não estou invadindo o seu espaço Apenas reconquistando tudo aquilo que eu perdi Tudo aquilo que me foi roubado Mas parece que vou levar muito tempo.
Já não tenho dedos pra contar de quantos barrancos despenquei, e quantas pedras me atiraram, e quantas atirei. Tanta farpa, tanta mentira , tanta falta do que dizer ; nem sempre é so easy se viver. Hoje não consigo mais me lembrar de quantas janelas me atirei e quanto rastro de incompreensão eu já deixei . Tantos bons, quantos maus motivos, tantas vezes desilusão, quase nunca a vida é um balão. Mas o teu amor me cura de uma loucura qualquer ; encostar no teu peito e se isso for algum defeito, por mim, tudo bem.