
28 de nov. de 2009
Se o chão se abrir e você sentir que já não tem mais forças
Confie e acredite, sempre um pouco mais
Se existe o caos e a dor, também existe a fé e a esperança
Em algo maior, ALGO MELHOR.
Não é felicidade, amor, carinho e sim viver e aceitar que pra cada
Dia ou pensamento que ferir seu coração, vai existir a recompensa
Por tudo o que você passou e pra cada sonho que perdeu, encontrará
Um novo sonho inteiro ao seu dispor.
26 de nov. de 2009
Algumas linhas mal destacadas de Dom Casmurro.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos
respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas
é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo
alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo.
Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não
durmo mal.
[...]
Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a
nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o
que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das
luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia... Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma
ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu... E explicou-me um dia a definição, em
tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo.
[...]
Pois, francamente, só agora entendia a emoção que me davam essas e outras
confidências. A emoção era doce e nova, mas a causa dela fugia-me, sem que eu a
buscasse nem suspeitasse. Os silêncios dos últimos dias, que me não descobriam nada,
agora os sentia como sinais de alguma coisa, e assim as meias palavras, as perguntas
curiosas, as respostas vagas, os cuidados, o gosto de recordar a infância. Também
adverti que era fenômeno recente acordar com o pensamento em Capitu, e escutá-la de
memória, e estremecer quando lhe ouvia os passos. Se se falava nela, em minha casa,
prestava mais atenção que dantes, e, segundo era louvor ou crítica, assim me trazia
gosto ou desgosto mais intensos que outrora, quando éramos somente companheiros de
travessuras. Cheguei a pensar nela durante as missas daquele mês, com intervalos, é
verdade, mas com exclusivismo também.
Tudo isto me era agora apresentado pela boca de José Dias, que me denunciara a
mim mesmo, e a quem eu perdoava tudo, o mal que dissera, o mal que fizera, e o que
pudesse vir de um e de outro. Naquele instante, a eterna Verdade não valeria mais que
ele, nem a eterna Bondade, nem as demais Virtudes eternas. Eu amava Capitu! Capitu
amava-me! E as minhas pernas andavam, desandavam, estacavam, trêmulas e crentes de
abarcar o mundo. Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si
própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra
sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser
a primeira.
[...]
Não alcancei mais nada, e para o fim arrependi-me do pedido: devia ter seguido o conselho de
Capitu. Então, como eu quisesse ir para dentro, prima Justina reteve-me alguns minutos, falando do calor
21
e da próxima festa da Conceição, dos meus velhos oratórios, e finalmente de Capitu. Não disse mal dela;
ao contrário, insinuou-me que podia vir a ser uma moça bonita. Eu, que já a achava lindíssima, bradaria
que era a mais bela criatura do mundo, se o receio me não fizesse discreto. Entretanto, como prima
Justina se metesse a elogiar-lhe os modos, a gravidade, os costumes, o trabalho para os seus, o amor que
tinha a minha mãe, tudo isto me acendeu a ponto de elogiá-la também. Quando não era com palavra, era
com gesto de aprovação que dava a cada uma das asserções da outra, e certamente com a felicidade que
devia iluminar-me a cara. Não adverti que assim confirmava a denúncia de José Dias, ouvida por ela, à
tarde, na sala de visitas, se é que também ela não desconfiava já. Só pensei nisso na cama. Só então senti
que os olhos de prima Justina, quando eu falava, pareciam apalpar-me, ouvir-me, cheirar-me, gostar-me,
fazer o ofício de todos os sentidos. Ciúmes não podiam ser; entre um pirralho da minha idade e uma viúva
quarentona não havia lugar para ciúmes. É certo que, após algum tempo, modificou os elogios a Capitu, e
até lhe fez algumas críticas, disse-me que era um pouco trêfega e olhava por baixo; mas ainda assim, não
creio que fossem ciúmes. Creio antes... sim... sim, creio isto. Creio que prima Justina achou no espetáculo
das sensações alheias uma ressurreição vaga das próprias. Também se goza por influição dos lábios que
narram.
[...]
Tinha então pouco mais de dezessete... Aqui devia ser o meio do livro, mas a inexperiência fezme
ir atrás da pena, e chego quase ao fim do papel, com o melhor da narração por dizer. Agora não há
mais que levá-la a grandes pernadas, capítulo sobre capítulo, pouca emenda, pouca reflexão, tudo em
resumo. Já esta página vale por meses, outras valerão por anos, e assim chegaremos ao fim. Um dos
sacrifícios que faço a esta dura necessidade é a análise das minhas emoções dos dezessete anos. Não sei
se alguma vez tiveste dezessete anos. Se sim, deves saber que é a idade em que a metade do homem e a
metade do menino formam um só curioso. Eu era um curiosíssimo, diria o meu agregado José Dias, e não
diria mal. O que essa qualidade superlativa me rendeu não poderia nunca dizê-lo aqui, sem cair no erro
que acabo de condenar; a análise das minhas emoções daquele tempo é que entrava no meu plano. Posto
que filho do seminário e de minha mãe, sentia já debaixo do recolhimento casto uns assomos de
petulância e de atrevimento; eram do sangue, mas eram também das moças que na rua ou da janela não
me deixavam viver sossegado. Achavam-me lindo, e diziam-mo; algumas queriam mirar de mais perto a
minha beleza, e a vaidade é um princípio de corrupção.
22 de nov. de 2009
Você só pensa nessa porra de imagem, se acha foda porque usa tatuagem, que radical, seu cabelo colorido, sensacional essa argola no umbigo. Seus amiguinhos com cara de ET, eu quero mais é que vão se foder,
que continuem nessa porra de festinha, tomando um drinque ou fuçando
uma farinha. Você é uma barbie disfarçada e não se enxerga, por fora é
uma beleza, mas o recheio é uma merda.
O meu armário não tem roupa prateada, a calça é velha e tá meio desbotada, sinto muito se o meu tênis tá furado, não sou produto e não vou ser rotulado.Não use fantasia pra ser diferente seu figurino não condiz com sua mente, debaixo da carcaça há uma idéia ultrapassada.Tudo tem limite, senão vira palhaçada.
Tenho estado distraído
E até contente e sem juízo.
E mesmo assim sei, por instinto:
Muitos sentem o que eu sinto.
Impacientes e indecisos
Cada um com seus motivos -
Sem trabalho? Sem alívio.
A armadilha é só isso.
É um feitiço tão latino
E essa preguiça é um feitiço:
Um exílio pelo avesso
Que desvia o compromisso.
O jeito que você arruma seu cabelo procurando aquele efeito que o mundo não quer reparar
- Revela tanto!
E o tempo que demora para decidir se aquilo que está ouvindo é convincente para poder concordar
- E me deixa esperando.
Eu posso esperar
Assim que eu entro já no cumprimento eu reconheço as múltiplas perguntas que na ausência entram em meu lugar - Seus olhos fitam com medo.
A única certeza que eu tenho é absurda pois a dúvida sustento, porque não me mudar?
[...]
Se um gênio perguntasse quais seriam os meus três desejos o primeiro, pediria ao tempo voltar pra trás.
- pra te ver aos dezesseis anos
Não há idéia que alcance ou seja parecida com a imagem da menina esguia, a bolsa a tiracolo
- e as pedras só pesando
Pois ela nunca irá jogá-las!
O seguinte, segundo desejo, emoldurar no céu o seu sorriso que eu pensei que nunca mais pudesse reencontrar
O filho é que cria a mãe
E o último, complexo, honesto e genuíno, amar sem precisar da dor, querer também sem magoar
Tocar seu corpo. Hoje mesmo.
20 de nov. de 2009
Mude
Mas comece devagar,
Porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço...
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
Ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV,
Compre outros jornais...
Leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
Novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado,
O novo método,
O novo sabor,
O novo jeito,
O novo prazer,
O novo amor,
A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
Tome outro tipo de bebida
Compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
Outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
Cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro,
Compre novos óculos,
Escreva outras poesias.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
Outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
14 de nov. de 2009
De onde eu estou agora, vejo as cores se desfazendo, tudo cinza, sem vida, morrendo. Creio que só basta olhar as estrelas, só elas na verdade me fazem feliz, mesmo que não seja por um longo tempo, mesmo que agora seja só por um triz. Me sinto sem forças para tentar fazer o que é certo, o caminho mais fácil está errado, mas está tão perto, não, repito pra mim tentando me convencer de que não está correto, duvido que se segui-lo vai ser a melhor decisão, talvez só seja preciso fazer uma oração, oração ao sol. Sol, que ilumina minha vida, que me enche de calor e de alegria, que me angustia vezes sim, que me maltrata também,o sol que eu preciso para viver, assim como a água, ar, lua, mas sol não me confunda com as nuvens, não sou tua. Essa escuridão nos meus olhos se fará lágrimas e tudo ficará bem mais feliz e colorido, talvez seja a hora, agora, de derramá-las, me ajude sol, me ajuda a solta-las. Quero sentir você tocar em mim, me enchendon de bençãos e de amor, como magia, por favor sol não se vá, não leve de novo a minha alegria, rimas são apenas rimas comparado a tudo que tenho para lhe falar, mas se ficar só mais um pouco, depois lhe ajudo a repousar, me ensine o prazer da vida, me ensine a amar e quando tudo se for e as lágrimas caírem, aí sim sol, te deixo voltar. Somos tão pequenos diante de tudo que podemos ser, sol te peço só um instante pra desaparecer, lua venha a mim, me faça a escuridão macia, quero que me cubra aos poucos e assim quase dormindo saberei que não estou ficando louco. Lua, Sol, elementos da vida.
mesmo sendo só uma, vou conseguir.
13 de nov. de 2009
"... E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem" ♪
A minha alma escura, deseja em tua alma seguir. Agora que já é tarde pra se dar a razão, normalmente, as coisas que são feitas, ditas e sentidas; eu aqui sozinha imaginando o que poderia ter acontecido e que por descuido meu, e só meu, não ocorreu. Desculpe pelas besteiras amargas, pelas tardes ingratas que o destino te comprometeu, desculpe por todas as desculpas, por todos os desafetos, pelo que nunca aconteceu. Se estiver lendo, me desculpe também estar escrevendo uma coisa só minha, é que me chegou a solidão, bateu em minha porta, antes que eu lhe visse abrir o portão; chegou como quem não quer nada, ligou pra saudade e ela trouxe mais confusão, agora as duas aqui me obrigando a escrever, coisas relevantes do coração.
Beatriz Café.
9 de nov. de 2009
5 de nov. de 2009

4 de nov. de 2009

3 de nov. de 2009
28 de nov. de 2009
Se o chão se abrir e você sentir que já não tem mais forças
Confie e acredite, sempre um pouco mais
Se existe o caos e a dor, também existe a fé e a esperança
Em algo maior, ALGO MELHOR.
Não é felicidade, amor, carinho e sim viver e aceitar que pra cada
Dia ou pensamento que ferir seu coração, vai existir a recompensa
Por tudo o que você passou e pra cada sonho que perdeu, encontrará
Um novo sonho inteiro ao seu dispor.
26 de nov. de 2009
Algumas linhas mal destacadas de Dom Casmurro.
Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos
respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas
é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo
alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo.
Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não
durmo mal.
[...]
Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a
nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o
que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das
luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia... Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma
ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu... E explicou-me um dia a definição, em
tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um capítulo.
[...]
Pois, francamente, só agora entendia a emoção que me davam essas e outras
confidências. A emoção era doce e nova, mas a causa dela fugia-me, sem que eu a
buscasse nem suspeitasse. Os silêncios dos últimos dias, que me não descobriam nada,
agora os sentia como sinais de alguma coisa, e assim as meias palavras, as perguntas
curiosas, as respostas vagas, os cuidados, o gosto de recordar a infância. Também
adverti que era fenômeno recente acordar com o pensamento em Capitu, e escutá-la de
memória, e estremecer quando lhe ouvia os passos. Se se falava nela, em minha casa,
prestava mais atenção que dantes, e, segundo era louvor ou crítica, assim me trazia
gosto ou desgosto mais intensos que outrora, quando éramos somente companheiros de
travessuras. Cheguei a pensar nela durante as missas daquele mês, com intervalos, é
verdade, mas com exclusivismo também.
Tudo isto me era agora apresentado pela boca de José Dias, que me denunciara a
mim mesmo, e a quem eu perdoava tudo, o mal que dissera, o mal que fizera, e o que
pudesse vir de um e de outro. Naquele instante, a eterna Verdade não valeria mais que
ele, nem a eterna Bondade, nem as demais Virtudes eternas. Eu amava Capitu! Capitu
amava-me! E as minhas pernas andavam, desandavam, estacavam, trêmulas e crentes de
abarcar o mundo. Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si
própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra
sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser
a primeira.
[...]
Não alcancei mais nada, e para o fim arrependi-me do pedido: devia ter seguido o conselho de
Capitu. Então, como eu quisesse ir para dentro, prima Justina reteve-me alguns minutos, falando do calor
21
e da próxima festa da Conceição, dos meus velhos oratórios, e finalmente de Capitu. Não disse mal dela;
ao contrário, insinuou-me que podia vir a ser uma moça bonita. Eu, que já a achava lindíssima, bradaria
que era a mais bela criatura do mundo, se o receio me não fizesse discreto. Entretanto, como prima
Justina se metesse a elogiar-lhe os modos, a gravidade, os costumes, o trabalho para os seus, o amor que
tinha a minha mãe, tudo isto me acendeu a ponto de elogiá-la também. Quando não era com palavra, era
com gesto de aprovação que dava a cada uma das asserções da outra, e certamente com a felicidade que
devia iluminar-me a cara. Não adverti que assim confirmava a denúncia de José Dias, ouvida por ela, à
tarde, na sala de visitas, se é que também ela não desconfiava já. Só pensei nisso na cama. Só então senti
que os olhos de prima Justina, quando eu falava, pareciam apalpar-me, ouvir-me, cheirar-me, gostar-me,
fazer o ofício de todos os sentidos. Ciúmes não podiam ser; entre um pirralho da minha idade e uma viúva
quarentona não havia lugar para ciúmes. É certo que, após algum tempo, modificou os elogios a Capitu, e
até lhe fez algumas críticas, disse-me que era um pouco trêfega e olhava por baixo; mas ainda assim, não
creio que fossem ciúmes. Creio antes... sim... sim, creio isto. Creio que prima Justina achou no espetáculo
das sensações alheias uma ressurreição vaga das próprias. Também se goza por influição dos lábios que
narram.
[...]
Tinha então pouco mais de dezessete... Aqui devia ser o meio do livro, mas a inexperiência fezme
ir atrás da pena, e chego quase ao fim do papel, com o melhor da narração por dizer. Agora não há
mais que levá-la a grandes pernadas, capítulo sobre capítulo, pouca emenda, pouca reflexão, tudo em
resumo. Já esta página vale por meses, outras valerão por anos, e assim chegaremos ao fim. Um dos
sacrifícios que faço a esta dura necessidade é a análise das minhas emoções dos dezessete anos. Não sei
se alguma vez tiveste dezessete anos. Se sim, deves saber que é a idade em que a metade do homem e a
metade do menino formam um só curioso. Eu era um curiosíssimo, diria o meu agregado José Dias, e não
diria mal. O que essa qualidade superlativa me rendeu não poderia nunca dizê-lo aqui, sem cair no erro
que acabo de condenar; a análise das minhas emoções daquele tempo é que entrava no meu plano. Posto
que filho do seminário e de minha mãe, sentia já debaixo do recolhimento casto uns assomos de
petulância e de atrevimento; eram do sangue, mas eram também das moças que na rua ou da janela não
me deixavam viver sossegado. Achavam-me lindo, e diziam-mo; algumas queriam mirar de mais perto a
minha beleza, e a vaidade é um princípio de corrupção.
22 de nov. de 2009
Você só pensa nessa porra de imagem, se acha foda porque usa tatuagem, que radical, seu cabelo colorido, sensacional essa argola no umbigo. Seus amiguinhos com cara de ET, eu quero mais é que vão se foder,
que continuem nessa porra de festinha, tomando um drinque ou fuçando
uma farinha. Você é uma barbie disfarçada e não se enxerga, por fora é
uma beleza, mas o recheio é uma merda.
O meu armário não tem roupa prateada, a calça é velha e tá meio desbotada, sinto muito se o meu tênis tá furado, não sou produto e não vou ser rotulado.Não use fantasia pra ser diferente seu figurino não condiz com sua mente, debaixo da carcaça há uma idéia ultrapassada.Tudo tem limite, senão vira palhaçada.
Tenho estado distraído
E até contente e sem juízo.
E mesmo assim sei, por instinto:
Muitos sentem o que eu sinto.
Impacientes e indecisos
Cada um com seus motivos -
Sem trabalho? Sem alívio.
A armadilha é só isso.
É um feitiço tão latino
E essa preguiça é um feitiço:
Um exílio pelo avesso
Que desvia o compromisso.
O jeito que você arruma seu cabelo procurando aquele efeito que o mundo não quer reparar
- Revela tanto!
E o tempo que demora para decidir se aquilo que está ouvindo é convincente para poder concordar
- E me deixa esperando.
Eu posso esperar
Assim que eu entro já no cumprimento eu reconheço as múltiplas perguntas que na ausência entram em meu lugar - Seus olhos fitam com medo.
A única certeza que eu tenho é absurda pois a dúvida sustento, porque não me mudar?
[...]
Se um gênio perguntasse quais seriam os meus três desejos o primeiro, pediria ao tempo voltar pra trás.
- pra te ver aos dezesseis anos
Não há idéia que alcance ou seja parecida com a imagem da menina esguia, a bolsa a tiracolo
- e as pedras só pesando
Pois ela nunca irá jogá-las!
O seguinte, segundo desejo, emoldurar no céu o seu sorriso que eu pensei que nunca mais pudesse reencontrar
O filho é que cria a mãe
E o último, complexo, honesto e genuíno, amar sem precisar da dor, querer também sem magoar
Tocar seu corpo. Hoje mesmo.
20 de nov. de 2009
Mude
Mas comece devagar,
Porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço...
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
Ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de TV,
Compre outros jornais...
Leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
Novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado,
O novo método,
O novo sabor,
O novo jeito,
O novo prazer,
O novo amor,
A nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes,
Tome outro tipo de bebida
Compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
Outra marca de sabonete, outro creme dental...
Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
Cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro,
Compre novos óculos,
Escreva outras poesias.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
Outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a vida é uma só.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
14 de nov. de 2009
De onde eu estou agora, vejo as cores se desfazendo, tudo cinza, sem vida, morrendo. Creio que só basta olhar as estrelas, só elas na verdade me fazem feliz, mesmo que não seja por um longo tempo, mesmo que agora seja só por um triz. Me sinto sem forças para tentar fazer o que é certo, o caminho mais fácil está errado, mas está tão perto, não, repito pra mim tentando me convencer de que não está correto, duvido que se segui-lo vai ser a melhor decisão, talvez só seja preciso fazer uma oração, oração ao sol. Sol, que ilumina minha vida, que me enche de calor e de alegria, que me angustia vezes sim, que me maltrata também,o sol que eu preciso para viver, assim como a água, ar, lua, mas sol não me confunda com as nuvens, não sou tua. Essa escuridão nos meus olhos se fará lágrimas e tudo ficará bem mais feliz e colorido, talvez seja a hora, agora, de derramá-las, me ajude sol, me ajuda a solta-las. Quero sentir você tocar em mim, me enchendon de bençãos e de amor, como magia, por favor sol não se vá, não leve de novo a minha alegria, rimas são apenas rimas comparado a tudo que tenho para lhe falar, mas se ficar só mais um pouco, depois lhe ajudo a repousar, me ensine o prazer da vida, me ensine a amar e quando tudo se for e as lágrimas caírem, aí sim sol, te deixo voltar. Somos tão pequenos diante de tudo que podemos ser, sol te peço só um instante pra desaparecer, lua venha a mim, me faça a escuridão macia, quero que me cubra aos poucos e assim quase dormindo saberei que não estou ficando louco. Lua, Sol, elementos da vida.
mesmo sendo só uma, vou conseguir.
13 de nov. de 2009
"... E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem" ♪
A minha alma escura, deseja em tua alma seguir. Agora que já é tarde pra se dar a razão, normalmente, as coisas que são feitas, ditas e sentidas; eu aqui sozinha imaginando o que poderia ter acontecido e que por descuido meu, e só meu, não ocorreu. Desculpe pelas besteiras amargas, pelas tardes ingratas que o destino te comprometeu, desculpe por todas as desculpas, por todos os desafetos, pelo que nunca aconteceu. Se estiver lendo, me desculpe também estar escrevendo uma coisa só minha, é que me chegou a solidão, bateu em minha porta, antes que eu lhe visse abrir o portão; chegou como quem não quer nada, ligou pra saudade e ela trouxe mais confusão, agora as duas aqui me obrigando a escrever, coisas relevantes do coração.
Beatriz Café.
5 de nov. de 2009

4 de nov. de 2009
